Folha Social
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Foto: Reprodução / TV |
Legista do caso PC Farias contesta versão da polícia e explica que filho de PMs não cometeu suicídio
O
médico legista e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas)
George Sanguinetti, que ficou conhecido por refazer o laudo das mortes
do casal Paulo Cesar Farias e Suzana Marcolino e apontar que eles foram
assassinados em 1996, afirmou que o filho do casal de policiais
militares paulistas Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13, também foi
assassinado junto com os pais.
Ao
analisar as fotos da sala em que Marcelo e os pais foram encontrados
mortos, Sanguinetti foi categórico ao afirmar que a posição do corpo do
adolescente não é compatível com a de um suicídio, e sim, com a de um
assassinato.
“Há muita clareza nas posições dos corpos, que mostram que os três foram assassinados.
Ao fazer os cálculos de corpos com estatura semelhantes à da mãe e do
filho, podemos observar que todos foram mortos por outra pessoa”, disse
Sanguinetti, explicando em um cenário montado com um colchão no chão e
um boneco na posição semelhante à qual Marcelo foi encontrado morto.
“A
posição em que o corpo do menino caiu, com a mão direita em cima do
lado esquerdo da cabeça e o braço esquerdo dobrado para trás, com a
palma mão esquerda aberta para cima, não é compatível com a posição de
um suicida, e sim, com a de uma pessoa que foi assassinada. A arma do
crime também não está no local compatível, que iria aparecer na foto em
cima da cama ou próximo aos joelhos do menino”, explicou Sanguinetti.
Para
ele, a equipe da perícia precisa refazer os cálculos do trajeto dos
corpos ao serem atingidos pelos projéteis porque a conclusão está
equivocada ao afirmar que o menino assassinou os pais e depois se matou.
Ele explicou que não é impossível refazer os cálculos mesmo com o
cenário desfeito e que os peritos devem se basear nas imagens para
concluir “claramente” que o menino também foi vítima.
“Apesar
de as pessoas próximas ao menino dizerem que ele sabia atirar, a forma
como cada um deles foi morto, com apenas um tiro na cabeça, é de
atirador profissional. Por mais que o menino tivesse habilidade, ele
iria efetuar mais de um disparo para atingir os corpos dos pais e para
se certificar de que eles teriam morrido”, argumentou o legista.
Sanguinetti
disse que também seguiu os cálculos da medicina legal para afirmar que o
corpo de Andreia foi colocado no local em que foi encontrado. Para ele,
a policial não foi morta na posição fetal. “A parte do corpo que ficou
suspensa na cama corresponde a 15% da massa [corporal da vítima], e o
peso restante iria fazer o corpo ser arrastado para o chão. Jamais, ao
levar um tiro, o corpo conseguiria se manter em uma posição que a parte
mais leve seguraria a parte mais pesada, a não ser que já estivesse com
rigidez cadavérica, como podemos observar na foto.”
O
legista também questionou o argumento de que não foi detectada a
presença de chumbo, antimônio, bário e pólvora nas mãos do menino, e
que, ao efetuar supostamente os cinco disparos que mataram o
adolescente, os pais, a avó Benedita de Oliveira Bovo, 67, e a tia
Bernadete Oliveira da Silva, 55, o polegar e a parte dorsal da mão
esquerda, obrigatoriamente, teriam algum vestígio.
“Informaram
que o menino era sinistro e nem a mão esquerda, a provável a ser usada
para fazer os disparos, e nem direita apareceram com resíduos de tiros.
Obrigatoriamente quando efetuam-se disparos de arma de fogo os resíduos
aparecem. Se disserem que ele efetuou e deu negativo o exame
residuográfico estamos indo de encontro com toda a medicina legal”,
afirmou
O
médico legista questionou ainda o porquê da equipe de criminalistas não
realizar exame em microscópio para observar resíduos dos tiros na derme
e na epiderme do garoto. “Eles fizeram exames somente com a lavagem das
mãos em soro, mas deviam ter retirado pedaços da pele do menino para
investigar os resíduos e iriam encontrar”, disse.
Sanguinetti
disse que também analisou os relatos do cenário da casa dos PMs
paulistas assassinados e afirmou que a equipe de peritos só observou se o
portão e a porta estavam intactos, sem sinais de arrombamento. “Tinha
uma janela com o cadeado arrombado e eles ignoraram a informação da
cena. Provavelmente a pessoa que matou os cinco entrou pelo local.”