O processo eleitoral em Coelho Neto sagrou Bruno Silva como prefeito eleito, com a maior votação da história, diga-se de passagem.
O novo gestor municipal irá receber a casa arrumada, com processo de transição e salários em dia, situação bem diferente da que Américo recebeu o município.
Mas receber a casa arrumada, com transição, folha de pessoal em dia e a grande votação recebida nas urnas por si só não garantem que Bruno Silva fará uma boa gestão. Nem que terá vida longa na política.
Uma boa gestão da parte de Bruno Silva vai depender e muito sua capacidade de dizer não para certos "vícios administrativos" observados na gestão de seu pai, o ex-prefeito Soliney Silva, da eficiência de seus secretários de governo e da construção de um grupo político que possa chamar de seu.
Todo mundo há de convir que boa parte do grupo que deu sustentação à campanha vitoriosa de Bruno Silva "pertence" a Soliney ou seja, o ex-prefeito teve sim, sua parcela de contribuição na vitória de Bruno.
A outra parte desse grupo se deu por uma articulação específica para a eleição de 2020. Entra aqui Márcia Bacelar e seu esposo, o ex-deputado Antônio Bacelar.
Onde é que eu quero chegar?
É simples. Márcia Bacelar certamente tem seus projetos políticos pessoais e não há garantia de que o prefeito eleito estará de acordo com eles, logo essa aliança não persistirá por muito tempo.
O próprio ex-prefeito Soliney já avisou que poderá fazer oposição ao governo do próprio filho, se esse vier a maltratar o "seu povo". Entende-se aqui que caso não lhe seja dado o devido espaço na nova gestão e consideradas certas vontades dele essa oposição será feita. E quem irá lhe acompanhar nessa oposição ao governo do filho vai depender de quem Bruno Silva deixará de fora de sua gestão ou insatisfeito por não ter o que imagina que terá.
Não custa lembrar que Soliney tem aliados históricos na política local, pessoas que o acompanham desde seus mandatos de deputados. E aqui não vamos entrar no mérito de que ele possa ou não ser candidato futuramente. Essa é uma outra discussão.
Dai a necessidade que Bruno Silva tem de construir seu próprio grupo político, porque os "amigos do poder" se vão com o fim do mandato ou quando sentem que as coisas não vão muito bem.
A grande votação que Bruno Silva teve e o tamanho do grupo político que o levou a ganhar a prefeitura passará a se constituir em dificuldades a serem administradas a partir de agora e mais ainda de 1º de janeiro em diante, visto que muitos esperam um lugarzinho ao sol e todos sabemos que a prefeitura não possui estrutura financeira para tanto. Sem falar que "errar a mão" nos meses iniciais de governo poderá comprometer toda sua gestão.
Assim, quem hoje é aliado poderá se transformar em adversário e engrossar as fileiras da oposição.
E o tamanho da oposição e a força que esta terá nos próximos quatro anos vai depender do prefeito eleito.