Com o objetivo de fornecer aos
leitores deste Blog elementos para a discussão em torno do tema administração pública e administração privada, haja vista o
número cada vez maior de pessoas (empresários) da iniciativa privada “tentando a sorte” na gestão
pública, o Blog pesquisou e encontrou uma matéria bastante interessante a
respeito do assunto e que certamente irá nos fazer compreender um pouco mais a respeito da temática e desmistificar a tese de que alguém bem sucedido na
iniciativa privada irá consequentemente repetir o mesmo sucesso no setor público.
Dada a extensão de texto
pegaremos a partir do ponto em que começa a discorrer sobre as diferenças.
Objetivos distintos
Muitos empresários de
sucesso já se lançaram na vida política e não alcançaram os mesmos resultados
positivos conquistados na iniciativa privada. Isso pode ocorrer por uma série
de fatores. Em primeiro lugar, porque um órgão público ou uma prefeitura têm
finalidades completamente diferentes de uma empresa particular. “Uma das razões
principais para a atuação de qualquer empresa
é gerar lucro e acumular dinheiro em caixa.
Já uma prefeitura não existe
para gerar lucro, mas sim, entre outros objetivos, para ser propulsora de
desenvolvimento social e econômico, através da plena execução de seu
orçamento”, explica Patrícia.
Para Werner, essa simples
diferença de atribuições já exige perfis diferentes de administrador para cada
caso. “O empresário normalmente se surpreende quando se vê a frente de uma
prefeitura. Não é a mesma coisa”, diz o especialista, que complementa lembrando
que, enquanto as empresas se preocupam em crescer, aumentar sua participação no
mercado e bem remunerar seus acionistas, o poder público deve concentrar seus
investimentos no fomento do desenvolvimento econômico e social.
Público-alvo e “mercado”
Enquanto uma empresa tem
liberdade para estudar e definir um tipo de público-alvo para seus produtos e
serviços, uma prefeitura não pode se dar esse luxo. Precisa lidar com todos os
“consumidores”, sem exceção. Pela grande variedade deles, agradar a todos acaba
se tornando uma missão impossível. “Sempre existirá alguém insatisfeito”,
reforça Patrícia.
Justamente por essa
dificuldade de abranger tudo, governos costumam ter políticas direcionadas a
setores considerados estratégicos, de acordo com as suas propostas e metas.
“Naturalmente, públicos que não estiverem contemplados nessas medidas se
sentirão excluídos e vão acusar o governo de favorecer interesses específicos”,
acrescenta Werner.
Outra grande diferença está
no “mercado” de atuação. Empresas privadas podem limitar sua área de
abrangência e priorizar alguns nichos para se tornarem mais rentáveis e
eficientes. Já órgãos públicos e prefeituras não podem – pelo menos não
deveriam – fazer isso. “Uma prefeitura não pode cuidar só de um bairro”,
exemplifica Werner. “A cidade inteira precisa de investimentos”.
Fiscalização mais rígida
O sistema de controle mais
rígido do poder público talvez seja o grande “entrave” de prefeitos,
governadores e presidentes. Não há nenhuma dúvida que a fiscalização precisa
ser mesmo muito rigorosa para garantir transparência nas ações e evitar fraudes
e mau uso de recursos públicos. Essa necessidade indispensável, no entanto,
deixa todo o processo muito mais lento e burocrático. “As coisas acabam
demorando mais para acontecer, mesmo. Em alguns casos não se trata nem mesmo de
incompetência administrativa ou má vontade, mas de pura burocracia”, avalia
Werner.
Já a gestão privada costuma
ser mais flexível. Um empresário pode fazer tudo aquilo que não é proibido por
lei. “Já um administrador público pode fazer apenas aquilo que está previsto e
determinado por lei”, complementa Patrícia. “É uma gestão mais engessada”.
Seleção de profissionais
Com exceção de cargos
eletivos, comissionados ou de confiança, gestores públicos não podem selecionar
a dedo os profissionais com que querem trabalhar, já que servidores precisam,
por lei, ser contratados através de concurso. Werner acredita que esta é a
alternativa mais correta e justa, mas critica o atual formato das provas. “O
concurso público exige apenas conhecimento técnico. As competências humanas,
que são tão fundamentais quanto, não são consideradas”, diz.
Nas empresas, recrutadores
geralmente são livres para escolher o candidato mais adequado para determinado
cargo estratégico. Em órgãos públicos é diferente. Um secretário ou um ministro
nem sempre são indicados por sua qualificação técnica, mas por influência
política, o que faz parte do jogo entre partidos – no final das contas, são
fatores como esses que garantem a governabilidade.
Decisões compartilhadas
Os gestores de uma empresa
quase sempre são soberanos e tem o poder de tomar a decisão que julgarem mais
convenientes para o rumo dos negócios. Já os administradores públicos não podem
agir por conta própria, até porque eventuais fracassos terão reflexos em um
universo muito mais amplo. “O gestor público precisa consultar órgãos envolvidos,
entidades representativas, empresários. E, o mais importante, receber o aval da
sociedade organizada”, comenta Patrícia. “Não depende apenas dele, o que
impacta na velocidade das ações governamentais”.
“A burocracia faz parte do
dia a dia do gestor público, mas não são pode ser usada como justificativa pras
coisas não acontecerem. A ação empreendedora tem de superá-la”.
Fonte: Véli Soluções em RH
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