quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

As diferenças entre administrar o público e o privado.


Com o objetivo de fornecer aos leitores deste Blog elementos para a discussão em torno do tema administração pública e administração privada, haja vista o número cada vez maior de pessoas (empresários) da iniciativa privada “tentando a sorte” na gestão pública, o Blog pesquisou e encontrou uma matéria bastante interessante a respeito do assunto e que certamente irá nos fazer compreender um pouco mais a respeito da temática e desmistificar a tese de que alguém bem sucedido na iniciativa privada irá consequentemente repetir o mesmo sucesso no setor público.

Dada a extensão de texto pegaremos a partir do ponto em que começa a discorrer sobre as diferenças. 



Objetivos distintos

Muitos empresários de sucesso já se lançaram na vida política e não alcançaram os mesmos resultados positivos conquistados na iniciativa privada. Isso pode ocorrer por uma série de fatores. Em primeiro lugar, porque um órgão público ou uma prefeitura têm finalidades completamente diferentes de uma empresa particular. “Uma das razões principais para a atuação de qualquer empresa  é gerar lucro e acumular dinheiro em caixa.
Já uma prefeitura não existe para gerar lucro, mas sim, entre outros objetivos, para ser propulsora de desenvolvimento social e econômico, através da plena execução de seu orçamento”, explica Patrícia.
Para Werner, essa simples diferença de atribuições já exige perfis diferentes de administrador para cada caso. “O empresário normalmente se surpreende quando se vê a frente de uma prefeitura. Não é a mesma coisa”, diz o especialista, que complementa lembrando que, enquanto as empresas se preocupam em crescer, aumentar sua participação no mercado e bem remunerar seus acionistas, o poder público deve concentrar seus investimentos no fomento do desenvolvimento econômico e social.

Público-alvo e “mercado”

Enquanto uma empresa tem liberdade para estudar e definir um tipo de público-alvo para seus produtos e serviços, uma prefeitura não pode se dar esse luxo. Precisa lidar com todos os “consumidores”, sem exceção. Pela grande variedade deles, agradar a todos acaba se tornando uma missão impossível. “Sempre existirá alguém insatisfeito”, reforça Patrícia.

Justamente por essa dificuldade de abranger tudo, governos costumam ter políticas direcionadas a setores considerados estratégicos, de acordo com as suas propostas e metas. “Naturalmente, públicos que não estiverem contemplados nessas medidas se sentirão excluídos e vão acusar o governo de favorecer interesses específicos”, acrescenta Werner.

Outra grande diferença está no “mercado” de atuação. Empresas privadas podem limitar sua área de abrangência e priorizar alguns nichos para se tornarem mais rentáveis e eficientes. Já órgãos públicos e prefeituras não podem – pelo menos não deveriam – fazer isso. “Uma prefeitura não pode cuidar só de um bairro”, exemplifica Werner. “A cidade inteira precisa de investimentos”.

Fiscalização mais rígida

O sistema de controle mais rígido do poder público talvez seja o grande “entrave” de prefeitos, governadores e presidentes. Não há nenhuma dúvida que a fiscalização precisa ser mesmo muito rigorosa para garantir transparência nas ações e evitar fraudes e mau uso de recursos públicos. Essa necessidade indispensável, no entanto, deixa todo o processo muito mais lento e burocrático. “As coisas acabam demorando mais para acontecer, mesmo. Em alguns casos não se trata nem mesmo de incompetência administrativa ou má vontade, mas de pura burocracia”, avalia Werner.

Já a gestão privada costuma ser mais flexível. Um empresário pode fazer tudo aquilo que não é proibido por lei. “Já um administrador público pode fazer apenas aquilo que está previsto e determinado por lei”, complementa Patrícia. “É uma gestão mais engessada”.

Seleção de profissionais

Com exceção de cargos eletivos, comissionados ou de confiança, gestores públicos não podem selecionar a dedo os profissionais com que querem trabalhar, já que servidores precisam, por lei, ser contratados através de concurso. Werner acredita que esta é a alternativa mais correta e justa, mas critica o atual formato das provas. “O concurso público exige apenas conhecimento técnico. As competências humanas, que são tão fundamentais quanto, não são consideradas”, diz.

Nas empresas, recrutadores geralmente são livres para escolher o candidato mais adequado para determinado cargo estratégico. Em órgãos públicos é diferente. Um secretário ou um ministro nem sempre são indicados por sua qualificação técnica, mas por influência política, o que faz parte do jogo entre partidos – no final das contas, são fatores como esses que garantem a governabilidade.

Decisões compartilhadas

Os gestores de uma empresa quase sempre são soberanos e tem o poder de tomar a decisão que julgarem mais convenientes para o rumo dos negócios. Já os administradores públicos não podem agir por conta própria, até porque eventuais fracassos terão reflexos em um universo muito mais amplo. “O gestor público precisa consultar órgãos envolvidos, entidades representativas, empresários. E, o mais importante, receber o aval da sociedade organizada”, comenta Patrícia. “Não depende apenas dele, o que impacta na velocidade das ações governamentais”.

“A burocracia faz parte do dia a dia do gestor público, mas não são pode ser usada como justificativa pras coisas não acontecerem. A ação empreendedora tem de superá-la”.


Fonte: Véli Soluções em RH

Nenhum comentário:

Postar um comentário