Com o retorno ao Senado Federal, Aécio Neves (PSDB) vai travar uma
batalha diária para marcar território e tentar se firmar como líder da
oposição. Enquanto governadores eleitos pelo partido tucano tentam se
reaproximar da presidenta Dilma Rousseff, o tucano ainda precisará
disputar espaço com o senador eleito por São Paulo e antigo desafeto
José Serra.
A tentativa de reabertura de diálogo por parte do PSDB com a
presidenta reeleita começou logo após o fim das eleições. Os
governadores Geraldo Alckmin, de São Paulo, Beto Richa, do Paraná, e
Marconi Perillo, de Goiás, sinalizaram ser preciso ampliar o
relacionamento com o governo federal, apesar do resultado do pleito.
Além disso, o papel de bom articulador político não foi mostrado por
Aécio nos quatro primeiros anos de mandato no Senado Federal. O senador
não conseguiu aprovar nenhum projeto e não votou sequer a proposta para
redução de maioridade penal. O tema, defendido durante campanha
eleitoral, é de autoria de Aloysio Nunes (PSDB), candidato a vice na
chapa dos tucanos.
Aécio retornou ao Congresso Nacional nesta terça-feira (05), onde foi
recebido por uma claque convocada pelas redes sociais do partido. No
primeiro pronunciamento, manteve o mesmo discurso utilizado enquanto era
candidato à Presidência e afirmou ser a “voz de 51 milhões de
brasileiros na oposição”.
Para o cientista político Michel Zaidan, Aécio ainda não “acordou” da
campanha e não absorveu a derrota. “Estão querendo prolongar a disputa
no âmbito parlamentar. Querem transformar uma oposição construtiva em
algo obstrucionista, com ânimos de combate e não de colaboração”,
explica Zaidan.
De acordo com o cientista político, a chegada de José Serra ao Senado
poderá mexer com a oposição e com os ânimos de Aécio. Zaidan avalia que
o senador recém-eleito por São Paulo é mais bem preparado e ameaça o
protagonismo de Aécio por ser um concorrente natural à liderança do PSDB
no Congresso Nacional.
“Aécio é um político de palanque. Serra pode empalmar o brilho dele no Senado, pois eles são concorrentes desde sempre”, afirma.
Vitória – O líder do PT no Senado, Humberto Costa,
respondeu ao pronunciamento de Aécio Neves no Senado e disse ser preciso
desmontar os palanques. O senador defendeu o resultado das eleições
presidenciais e criticou aqueles que não sabem perder.
“A oposição precisa ter a visão clara de que há muitas coisas que nós temos que trabalhar, inclusive em conjunto”, disse Costa.
Para a presidenta Dilma, o ressentimento por parte de quem perde as eleições é fruto de incompreensão do processo democrático.
“Qualquer tentativa de retaliação por parte de quem ganhou ou
ressentimento por parte de quem perdeu é uma incompreensão do processo
democrático. Criaria no Brasil um quadro caótico, por exemplo, o fato do
presidente eleito por um lado não conversar com o governador eleito do
outro”, afirmou Dilma nesta quarta-feira (5), após reunião com
lideranças do PSD, em Brasília.
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