sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Dilma, Lula e PMDB tentam resolver crises em sete estados

O Globo


BRASÍLIA e SÃO PAULO— A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, além do presidente do PT, Rui Falcão, vão se reunir com a cúpula do PMDB, amanhã, em Brasília, para tentar resolver problemas entre os dois partidos em sete estados: Rio de Janeiro, Maranhão, Minas, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraíba. Essas divergências afetam o projeto de reeleição da presidente e, em alguns casos, asseguram palanques para dois adversários: o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o senador Aécio Neves (MG).

A situação mais complicada é no Rio: o governador Sérgio Cabral (PMDB) não aceita que a presidente tenha quatro palanques — Luiz Fernando Pezão (PMDB), Lindbergh Farias (PT), Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB). Para apoiar a reeleição de Dilma, Cabral quer a retirada da candidatura de Lindbergh e um palanque único para Dilma no estado, o de Pezão. Cabral ameaça apoiar Aécio.
O diretório do Rio é o que tem mais peso (15% dos votos) na convenção nacional do PMDB, instância que decidirá se o partido apoiará a reeleição de Dilma. A cúpula nacional do PMDB, que não tem boa relação com Cabral, minimiza a ameaça do governador, dizendo que seu apoio mais atrapalha do que ajuda, devido a seu alto índice de rejeição. Para esses dirigentes do PMDB, Cabral não tem como impor condições para a aliança nacional.
No Maranhão, a direção nacional do PT deve forçar a aliança com o PMDB da família Sarney, embora o PCdoB cobre apoio à candidatura do presidente da Embratur, Flávio Dino, que também tem conversado com Eduardo Campos.
Na quinta-feira, o senador José Sarney (PMDB-AP) teve audiência com Dilma. Ele afirmou que a conversa foi sobre obras no Amapá, sem relação com as eleições, até porque, segundo ele, o apoio do PT ao PMDB no Maranhão estaria assegurado:
— O grupo que nos apoia (no PT) ganhou (o comando do diretório regional), então não há problema mais — disse.
Mas o resultado da eleição do PT no Maranhão está em litígio. O atual presidente, Raimundo Monteiro, pró-Sarney, proclamou sua reeleição. Mas seus adversários não reconheceram o resultado e fizeram um segundo turno à revelia da direção nacional, que não autorizou nova votação. O tema será discutido pela Executiva Nacional do PT na próxima terça-feira.
Em Minas Gerais, peemedebistas não aceitam vaga para o Senado
Na reunião de amanhã, provavelmente na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República em Brasília, também será discutida a situação política em Minas. O PMDB ensaia candidatura própria porque não se contenta com a vaga de senador na chapa de Fernando Pimentel (PT), que disputará o governo. Em 2014, só haverá uma vaga para o Senado em disputa, e é dada como certa a eleição do atual governador Antonio Anastasia (PSDB).
No Ceará, o quebra-cabeça envolve o governador Cid Gomes (PROS), que deixou o PSB para apoiar a reeleição de Dilma. O PT apoiará o candidato que ele lançar à sua sucessão, mas também tenta compor com o líder do PMDB, senador Eunício Oliveira, que disputará o governo estadual. Eunício ameaça fechar aliança com o PSDB, se não tiver apoio do PT.
No Paraná a tendência do PMDB é apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB), que ofereceu a vaga de vice para o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR). Já a ministra Gleisi Hoffman (Casa Civil), que disputará o governo pelo PT, quer que o PMDB lance a candidatura do senador Roberto Requião ao governo e, assim, tentar levar a eleição para o segundo turno.
No Mato Grosso do Sul já está claro que não haverá aliança entre os dois partidos, mas há restrição, tanto no PT quanto no PMDB, às negociações do senador Delcídio Amaral (PT). Candidato ao governo, ele quer uma aliança com o PSDB.
Raupp admite dificuldades
Na Paraíba, o PMDB deseja o apoio do PT à candidatura de Veneziano Vital do Rêgo, ex-prefeito de Campina Grande. Ele é irmão do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que deve assumir o Ministério da Integração Nacional, em janeiro.
Representantes dos dois partidos têm feito rodadas de conversas, mas é a primeira vez que Lula participa diretamente com Dilma. Ele tem feito conversas isoladas, assim como Dilma. As reuniões para tratar de palanques estavam centralizadas no vice-presidente do PMDB, Valdir Raupp, e no presidente do PT, Rui Falcão.
— Essa reunião é continuidade das primeiras que tivemos. Avançamos em alguns locais, como no Pará. Em outros, não tem como estarmos juntos, como no Rio Grande do Sul e na Bahia. Vamos continuar conversando. Essas coisas não são fáceis — disse Raupp.
No Pará, apesar do desejo de candidatura própria, o PT apoiará Helder Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), ao governo. Lula enquadrou o PT no estado.
Para Campos, acordos locais devem ajudar projeto nacional
Em um cenário de dificuldades entre PSB e Rede na definição de palanques estaduais, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato socialista à Presidência, afirmou ontem que a prioridade da sigla é o projeto nacional. Segundo Campos, as decisões regionais serão tomadas em benefício da candidatura presidencial.
As duas siglas enfrentam indefinições em estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, nos quais o PSB defende alianças com palanques fortes, e a Rede prega candidaturas próprias.
Ontem, dirigentes da Rede e do PSB participaram de lançamento do portal Mudando o Brasil, para formulação do programa de governo.
— O debate regional virá depois do debate nacional. Não vamos atropelar direção regional nenhuma. Vamos respeitar o diálogo dentro do partido em cada estado. Agora, está muito claro que a prioridade é o projeto nacional. Em torno disso, vamos descer para fazer em cada estado posicionamentos que mais ajudem o projeto nacional — disse.
Se não houver consenso entre os grupos, as siglas já admitem tomar rumos distintos nas disputas estaduais, mas a direção do PSB tem atuado para evitar rupturas regionais com a Rede. As duas legendas, que já se reuniram em outubro para traçar um mapa eleitoral, terão novo encontro este ano para evitar confrontos estaduais.
Márcio França, dirigente do PSB de São Paulo, defendeu uma aliança no estado com o PSDB. Marina Silva, por sua vez, pregou candidatura própria no estado.




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