por Ricardo Kotscho
“Se a eleição fosse hoje, Dilma ou Lula venceriam”,
anuncia a manchete da “Folha” deste domingo para surpresa dos muitos
analistas da grande imprensa que nos últimos meses chegaram a prever o
fim da hegemonia do PT e das suas principais lideranças, que em janeiro
completam dez anos no comando do país.
Após sofrer o mais violento bombardeio
midiático desde a sua fundação, em 1980, o PT chega ao final de 2012, em
meio do seu terceiro mandato consecutivo no Palácio do Planalto, como
franco favorito para a sucessão presidencial, sem adversários à vista,
segundo o Datafolha.
Os dois petistas estão praticamente
empatados: Dilma teria 57% dos votos e Lula, 56%, ambos com mais votos
do que todos os adversários juntos.
Na pesquisa espontânea, Lula, Dilma e o PT chegariam a 39%, enquanto os candidatos de oposição somariam apenas 7%.
A grande surpresa da pesquisa é a força
demonstrada por Marina Silva (ex-PT e ex-PV), que ficaria em segundo
lugar nos quatro cenários pesquisados.
O curioso é que Marina, que teve 19,3%
dos votos na eleição de 2010, está há dois anos sem partido,
desaparecida do noticiário político, e chega a 18% das intenções de voto
na pesquisa estimulada, bem acima do principal candidato da oposição, o
tucano Aécio Neves, que oscila entre 9% e 14%.
Por mais que a mídia se empenhe em jogar
criador contra criatura, a verdade é que a atual presidente Dilma
Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecem formar uma
entidade só, a “Dilmalula” _ e é exatamente daí que emana a força da
dupla, cada um fazendo a sua parte no intricado jogo do poder.
Dilma, que até aqui vem sendo preservada
pela imprensa, mais preocupada em destruir a imagem de Lula e do seu
governo, saiu esta semana em defesa do ex-presidente quando se tornaram
mais violentos os ataques _ e foi bastante criticada por isso.
Mas é exatamente na leladade entre os
dois, tanto pessoal como no projeto político, que se baseia esta
parceria aprovada por 62% da população brasileira, de acordo com a
pesquisa CNI-Ibope divulgada esta semana.
Desde a posse em janeiro do ano passado,
Dilma e Lula combinaram de se encontrar a cada 15 dias para conversar
pessoalmente sobre os rumos do governo, afastando assim as intrigas que
costumam frequentar os salões palacianos.
O resultado está aí: com julgamento do
mensalão, Operação Porto Seguro e novas denúncias contra o PT e Lula
quase todos os dias, as pesquisas msotram que a grande maioria da
população continua satisfeita com o governo e quer que ele continue.
No auge do bombardeio dos últimos dias, e
certamente ainda sem saber os resultados das pesquisas, Gilberto
Carvalho, ministro da secretaria-geral da Presidência da República,
amigo tanto de Dilma como de Lula, desabafou:
“Os ataques sem limites que estão
fazendo ao nosso querido presidente Lula têm um único objetivo: destruir
nosso projeto, destruir o PT, destruir o nosso governo”.
Pelo jeito, até agora não conseguiram.
Ao contrário, apenas revelaram o tamanho do abismo que existe hoje entre
o mundo real dos brasileiros, que vivem melhor do que antes, e o
noticiário dos principais meios de imprensa, que coloca o país
permanentemente à beira do abismo, envolvido em crises sem fim.
Isso talvez explique também porque
aumentou, no mesmo Datafolha, o índice dos que não confiam na imprensa,
que passou de 18% em agosto para 28% em dezembro.
Por tudo isso, penso que é hora do PT
sair da defensiva e contar ao país e aos seus militantes o que está em
jogo neste momento, dizendo de onde partem e com que interesses os
ataques denunciados por Gilberto Carvalho.
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