Acordo de R$ 17 milhões teria convencido o empresário a envolver o ex-presidente Lula no ‘mensalão’, de acordo com o ator; dinheiro
teria sido reunido por grupo de empresários, políticos, além de Roberto
Civita, dono da Veja; condição era que declarações saíssem primeiro na
revista semanal, que em setembro deu capa com Marcos Valério; procurada,
editora Abril não se pronunciou.
Declarações de um advogado feitas na madrugada desta sexta-feira
denunciam suposta trama que envolve um acordo de R$ 17 milhões para
convencer o empresário Marcos Valério a denunciar o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no caso do ‘mensalão’. A conversa, que teria
acontecido num restaurante de Brasília, foi noticiada nesta manhã pelo
ator e ativista político José de Abreu, via Twitter.
Ao 247, Abreu não deu mais informações sobre quem seria o advogado,
mas garantiu que não se trata de Marcelo Leonardo, representante do
publicitário mineiro na Ação Penal 470, da qual seu cliente foi
condenado com uma pena que passa dos 40 anos. Marcelo Leonardo sequer
teria concordado com o acerto. Quanto à fonte que lhe revelou o diálogo,
ele se limitou a dizer: “É um político da oposição”.
“Estou repassando o que me contaram, foi nessa madrugada. Uma pessoa
ouviu do advogado, que começou a falar mais alto num restaurante de
Brasília. Era um lugar menos nobre, não era tipo um Piantella”,
descreveu José de Abreu, em referência ao famoso ponto de encontro de
políticos da capital federal. Segundo ele, há ainda prometido ao
empresário dois apartamentos nos Estados Unidos, um em Miami e outro em
Nova York, “FORA o pagamento de TODAS as multas financeiras a que MV foi condenado”.
O acerto teria sido feito sob a condição de que as revelações contra
Lula sairiam primeiramente na revista Veja. Em setembro, uma reportagem
de capa intitulada “Os segredos de Valério” traz frases atribuídas a
interlocutores próximos ao empresário apontando o ex-presidente como
chefe do ‘mensalão’. Segundo o advogado, o dinheiro para pagar Marcos
Valério teria vindo de uma “composição financeira” envolvendo
empresários, políticos e o próprio dono da semanal, Roberto Civita,
quem, segundo ele, seria o responsável pela organização da ‘vaquinha’.
Posteriormente à publicação da reportagem, foi levantado um debate na
imprensa e nas redes sociais que questionava a veracidade das denúncias
e a existência de um áudio que comprovasse a entrevista. O colunista do
jornal O Globo, Ricardo Noblat, liderou a defesa à revista, garantindo
que havia, sim, uma “fita” com as revelações de Valério. Procurada pelo
247 para comentar as denúncias, a assessoria de imprensa da Editora
Abril não respondeu até a publicação dessa reportagem.
Futuro dos filhos
A intenção de Marcos Valério seria “deixar bem os filhos”, postou o
responsável pelas revelações. Ao 247, o ator acrescentou que há
psiquiatras e psicólogos envolvidos e que o publicitário não passa bem.
“Cada imóvel teria sido colocado em nome de cada filho de MV. A saída de
casa, a “farsa da separação” segundo o advogado bêbado, fazem parte”,
escreveu José de Abreu, em referência ao acordo. Valério andava muito
deprimido e não queria deixar a família sem garantias quando ele fosse
para a prisão, conta Abreu.
Falou, tem que provar.
As denúncias, porém, teriam de ser provadas. “Uma parte da grana só
seria paga se MV conseguisse que abrissem processo contra Lula”,
escreveu José de Abreu no microblog. Depois de três meses da reportagem
publicada por Veja, o jornal O Estado de S.Paulo revelou, nesta semana,
parte de um depoimento do empresário à Procuradoria Geral da República
feito em 2003, com mais revelações sobre o ex-presidente.
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