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Demóstenes teve o mandato cassado no Senado na quarta-feira
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O senador cassado Demóstenes Torres (sem partido-GO) esteve na tarde
desta quinta-feira na sede do Ministério Público de Goiás para
protocolar um comunicado de exercício, documento com o qual ele reassume
as funções de procurador de Justiça a partir de hoje. A
corregedoria-geral do Ministério Público informou na quarta-feira que
aguardaria o retorno de Demóstenes aos quadros do MP para instaurar
procedimentos disciplinares "de uma eventual falta funcional".
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
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Segundo funcionários do MP, Demóstenes passou rapidamente na
sede do órgão e visitou a sala em que trabalhava. Ele estava licenciado
do cargo de procurador de Justiça do órgão desde 1999 - onde ingressou
em maio de 1987 - para se candidatar. Segundo a assessoria de
comunicação do MP-GO, não há impedimento legal para o imediato retorno
de Demóstenes ao antigo cargo de titular na 27ª Procuradoria de Justiça
do Ministério, com atribuição criminal.
Quando a cassação foi publicada oficialmente, a licença ficou sem
efeito, e Demóstenes não precisaria nem de requerimento formal para o
retorno. De acordo com o portal da transparência do MP-GO, sem os
benefícios específicos aos quais cada procurador tem direito, o salário
do cargo é de R$ 24.117,62 - inicialmente, o MP havia informado que os
vencimentos somariam R$ 22 mil.
A assessoria do MP ainda esclareceu que não há procedimento
instaurado no órgão a respeito da conduta de Demóstenes Torres à luz da
investigação da Operação Monte Carlo e da CPI do Cachoeira, porque os
questionamentos existentes não se referem à atuação dele como membro do
MP-GO, e sim à atuação do ex-senador como parlamentar, e que cabiam ao
Senado tais procedimentos. Apesar de anunciar a abertura de
procedimentos disciplinares para apurar "uma eventual falta funcional"
do ex-senador, o MP não esclareceu quais irregularidades teriam sido
cometidas por Demóstenes enquanto procurador.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF
apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes
Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a
violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios
legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e
envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o
Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a
abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu
desfiliação da legenda.
Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias
começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que
culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista
do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do
Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram
envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB),
do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro
Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de
Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos
três anos.
Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro
parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do
Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a
perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto
dos colegas na história do Senado.
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