IG - Último Segundo
A definição sobre o nome do candidato a vice-prefeito na
chapa encabeçada pelo ex-governador José Serra (PSDB) à Prefeitura de
São Paulo sairá após uma verdadeira “guerra” entre os partidos que
compõem a aliança. Quem admite é o próprio presidente estadual do PSDB,
deputado Pedro Tobias, que defende abertamente a indicação do
ex-secretário estadual de Cultura Andrea Matarazzo, mas reconhece as
fortes pressões também exercidas pelo PSD do prefeito Gilberto Kassab e
pelo DEM.
“O Kassab está pedindo o vice, o DEM também quer. É uma guerra, não
é nem questão de pedir. Tem pressão do PSD, tem pressão do DEM e nós
também fazemos pressão. Isso é normal”, afirmou Tobias em entrevista ao iG
nesta quinta-feira (28). O PSD ofereceu a Serra o nome do ex-secretário
municipal de Educação Alexandre Schneider, enquanto os democratas
tentam emplacar o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Social
Rodrigo Garcia. Apesar das pressões de todos os lados, a decisão está
concentrada exclusivamente no candidato tucano. “O Serra não fala muito,
eu não sei [qual será a decisão]. Ele não está abrindo o papo, não. E
eu acho isso até melhor, para não fomentar as especulações”, diz Tobias.
Por meio de sua assessoria, o presidente da seção estadual do DEM,
Jorge Tadeu Mudalen, disse que ainda não há nenhuma definição sobre a
vice e que as conversas prosseguem e reforçou que o partido oferece o
nome de Rodrigo Garcia. Já o PSD, também via assessoria, diz que aguarda
a decisão de Serra e também confirma a oferta do nome de Schneider.
O PSD ganha força após a vitória em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF)
, que definiu que o partido tem direito a um tempo maior na
propaganda no rádio e na televisão. A decisão do Supremo será
formalizada na sexta-feira, com o voto da ministra Cármen Lúcia, o único
que resta.
A decisão de Serra pode ser anunciada a qualquer momento. A
expectativa inicial era de que o ex-governador anunciasse o nome do vice
até o final desta semana, antes do próximo sábado (30), último dia para
os partidos realizarem as convenções que definem as candidaturas. A
coligação tem até o dia 5 de julho, às 19h, para registrar a candidatura
na Justiça Eleitoral, obrigatoriamente com o nome do vice.
Nesta semana, até o PR entrou na discussão sobre a vice do tucano
. Na quarta-feira (27), o vereador Antonio Carlos Rodrigues,
principal líder da legenda na capital, assinou uma nota pública em que
também reivindica a indicação de um de seus quadros. “O Partido da
República, durante todo o processo de negociação que levou o PR a apoiar
o candidato a Prefeito de São Paulo pelo PSDB, José Serra, deixou claro
que abriria mão da indicação do vice, na chapa, se este nome saísse dos
quadros do PSD. Diante das versões de que o indicado para vice-prefeito
não sairá dos quadros do PSD, o Partido da República volta a
reivindicar participação, indicando nome do PR para o posto”, diz o
texto.
O que está em jogo
A pressão do PSDB pela candidatura puro-sangue à Prefeitura de São
Paulo se intensificou após reunião do Diretório Municipal na última
quinta-feira (21) que aprovou, por 41 votos a 27,
a proposta do chamado “chapão” de candidatos a vereador
, com a coligação proporcional entre os partidos que apoiam Serra. A
aliança envolverá, além dos tucanos, o PSD, o DEM e o PR. O PV, que
também faz parte da coligação majoritária, não estará no “chapão” de
vereadores. A decisão foi ratificada em
convenção realizada pelo partido no domingo passado
(24) que oficializou a candidatura de Serra.
A ala tucana que não queria o “chapão”,
liderada pelo secretário estadual de Energia, José Aníbal, derrotado por Serra nas prévias do PSDB
que definiram o candidato tucano à Prefeitura, teme que a força da
máquina municipal beneficie os candidatos a vereador do PSD. Atualmente,
a legenda de Kassab possui a segunda maior bancada da Câmara, com 9
vereadores (só atrás do PT, que tem 11). O PSDB, que tinha 13 antes da
criação do PSD, hoje conta com 8 vereadores. O DEM tem 3. Como a
coligação funciona como um único partido na eleição, quem tiver mais
votos dentro dela, está eleito, independentemente da legenda a que
pertença. Aí reside a grande preocupação de parte do PSDB: que a legenda
de Kassab se transforme em uma "superbancada" em São Paulo e que os
tucanos vejam seu espaço diminuir.
No domingo passado, em entrevista ao iG,
Matarazzo despistou sobre a possibilidade de ser indicado para o posto
. “Fico feliz com essa possibilidade, mas essa decisão cabe ao
candidato e aos partidos aliados da coligação. Não trabalho com
hipóteses. Vamos esperar”, disse na ocasião.
Além de Matarazzo, Schneider e Garcia, o nome do coordenador da
campanha de Serra, Edson Aparecido (PSDB), também chegou a ser ventilado
como possível cotado para a vice em uma chapa puro-sangue. “Isso não é
questão de vontade pessoal. Você tem que levar em conta as
circunstâncias e uma série de fatores e a preocupação maior deve ser
sempre construir uma aliança ampla e forte”, afirmou Aparecido ao iG na última semana.
Na última noite, ele embarcou para Cingapura para participar de um congresso mundial sobre cidades sustentáveis
. Deve voltar ao Brasil na terça-feira da próxima semana.
Outro nome que chegou a ser especulado foi o do secretário municipal
do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge (PV), mas ele perdeu força
após as denúncias de que teria recebido propina para aprovar licenças
ambientais – ele rechaçou as acusações e foi defendido por lideranças de
seu partido. “Eduardo Jorge é um monumento. Essa dinâmica de escolha é
do PSDB e do Serra. Nós estamos definidos, nossa indicação para a vice é
Eduardo Jorge. Eu vejo com pesar essa judicialização da política e a
máquina de linchamento usada pela concorrência. Atribuo (as denúncias)
aos concorrentes”, afirmou o presidente nacional do PV, José Luiz Penna,
na convenção tucana do último domingo.
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