Associação Carlo Ubbiali
No século XVII, a população indígena no estado do Maranhão, era formada por aproximadamente 250.000 pessoas. Faziam parte dessa população, cerca de 30 etnias diferentes; a maioria delas, hoje, não existe mais. Povos indígenas como os Tupinambá que habitavam a cidade de São Luis, os Barbado, os Amanajó, os Tremembé, os Araioses, os Kapiekrã, entre outros, foram simplesmente exterminados ou dissolvidos social e culturalmente. Outras etnias existentes na época, como os Krikati, Canela, Guajajara-Tenetehara e Gavião, continuam presentes até hoje. São notórias as causas do desaparecimento de cerca de 20 povos indígenas no Maranhão: as guerras de expedição para escravizar, as doenças importadas, a miscigenação forçada, a imposição de novos modelos culturais, entre outras causas.
Hoje...
A população atual dos povos indígenas no estado do Maranhão soma cerca de 20.000 pessoas e está em progressivo aumento. Isto vem se dando a partir de uma série de fatores, entre eles uma certa melhoria das condições de vida, uma maior qualificação dos próprios índios em gerirem a educação, a saúde, as atividades agrícolas, e uma determinante vontade de viver segundo seus costumes. Um outro fator importante foi a demarcação de todas suas terras que, embora invadidas, conferiram à população indígena maior auto-confiança e segurança em sua perspectiva de auto-perpetuação física e cultural.
Tudo isto não significa que não haja problemas e carências estruturais entre os povos indígenas do Maranhão. O estado, hoje, não consegue, ou não quer, garantir os direitos mínimos consagrados na Constituição de 1988. Mantém ainda uma relação de tutela, misturada com um paternalismo humilhante que minam profundamente o sonho de uma autêntica autonomia para os povos indígenas.
Hoje, parece não haver mais “guerras justas ou santas” contra os pagãos e selvagens índios, mas pouco se tem feito para superar e extirpar os preconceitos disseminados na sociedade brasileira, e as inúmeras formas de racismos contra os índios. Hoje, não se planejam mais etnocídios oficiais, mas procura-se introduzir nas aldeias novos e mais sofisticados modelos culturais, econômicos e religiosos, que ameaçam a coesão e a identidade étnica dos povos indígenas. Além disso, as invasões das terras indígenas e os saques ao rico patrimônio indígena por partes de grandes grupos econômicos nacionais e não (madeireiras, mineradores, laboratórios farmacêuticos, agro-business, etc.), com a conivência de setores do estado, ressuscitam um moderno colonialismo explorador, que só se diferencia do antigo pelo seu grau de sofisticação, mas permanece igualmente brutal e desumano. A inconformidade e a resistência dos índios, entretanto, não foram dobradas. Eles continuam lutando para serem respeitados e reconhecidos em suas diferenças cultural, social e política.
Tudo isto não significa que não haja problemas e carências estruturais entre os povos indígenas do Maranhão. O estado, hoje, não consegue, ou não quer, garantir os direitos mínimos consagrados na Constituição de 1988. Mantém ainda uma relação de tutela, misturada com um paternalismo humilhante que minam profundamente o sonho de uma autêntica autonomia para os povos indígenas.
Hoje, parece não haver mais “guerras justas ou santas” contra os pagãos e selvagens índios, mas pouco se tem feito para superar e extirpar os preconceitos disseminados na sociedade brasileira, e as inúmeras formas de racismos contra os índios. Hoje, não se planejam mais etnocídios oficiais, mas procura-se introduzir nas aldeias novos e mais sofisticados modelos culturais, econômicos e religiosos, que ameaçam a coesão e a identidade étnica dos povos indígenas. Além disso, as invasões das terras indígenas e os saques ao rico patrimônio indígena por partes de grandes grupos econômicos nacionais e não (madeireiras, mineradores, laboratórios farmacêuticos, agro-business, etc.), com a conivência de setores do estado, ressuscitam um moderno colonialismo explorador, que só se diferencia do antigo pelo seu grau de sofisticação, mas permanece igualmente brutal e desumano. A inconformidade e a resistência dos índios, entretanto, não foram dobradas. Eles continuam lutando para serem respeitados e reconhecidos em suas diferenças cultural, social e política.
Um pouco mais sobre os povos indígenas do Maranhão
Os povos indígenas presentes no Maranhão, são distribuídos em dois grandes grupos: os Tupi-Guarani e os Macro-Jê. Essa distribuição, dá-se com base na classificação lingüístico-cultural utilizada para identificar e caracterizar as línguas e culturas indígenas presentes no Brasil.
Os povos Tupi-Guarani
Em 1500, na época da chegada dos Portugueses ao Brasil, os povos que viviam ao longo da costa eram os Tupi. Estes, tinham escorraçado os povos de língua e cultura Jê para o interior do Brasil. Os tupi, por isso, são os povos que têm tido maior contato com os europeus desde o começo, e marcaram de forma mais incisiva a formação social e cultural da “nação-Brasil”. Daí, por exemplo, o vasto volume de palavras indígenas disseminadas até os nossos dias: nome de cidades, plantas, pessoas, objetos, etc. Mais importantes, contudo, são as marcas culturais que os Tupi deixaram na formação das relações e estrutura social, humana e religiosa da sociedade brasileira. Ao tentar caracterizar, mesmo que de forma genérica, os povos Tupi, podemos dizer que são povos que vivem nas florestas tropicais, às margens de grandes rios ou igarapés, sabem acolher e se adaptar ás mudanças sociais e culturais trazidas desde fora. São extremamente místicos, mesmo que não o manifestem de forma explícita, através de muitas cerimônias e festas. A disposição das casas numa aldeia Tupi, parece não reproduzir mais uma determinada concepção do universo: as casas estão dispostas de forma quase que desordenada, numa grande rua, uma em frente da outra. Em geral, a cultura global dos Tupi é mais “oculta”, não visível e imediata. Parece que os Tupi “perderam”, aparentemente, sua “cultura original”.Isto porque a cultura Tupi impregna a totalidade das relações sociais, políticas e econômicas, e não se manifesta, necessariamente, através de ritos, cerimônias, enfeites e adornos espetaculares. A capacidade dos Tupi em se adaptarem às mudanças históricas, sem fugir dos conflitos e sem abrir mão de sua identidade - que a entendem como algo em permanente movimento, - tem permitido que eles pudessem sobreviver e conviver na “sociedade global” com altivez e sem servilismos.
Os povos do tronco lingüístico-cultural Tupi-Guarani presentes no Maranhão são: Tenetehara/Guajajara, Ka’apor, Awá-Guajá. Além desses povos existem algumas famílias de índios Guarani, na área indígena Pindaré, e Tembé/Tenetehara na área indígena Alto Turiaçu.
Os povos do tronco lingüístico-cultural Tupi-Guarani presentes no Maranhão são: Tenetehara/Guajajara, Ka’apor, Awá-Guajá. Além desses povos existem algumas famílias de índios Guarani, na área indígena Pindaré, e Tembé/Tenetehara na área indígena Alto Turiaçu.
Os povos Macro-Jê
Os povos de língua e cultura Jê, diferentemente dos Tupi, vivem, em geral, na região dos cerrados. Possuem não somente uma língua totalmente diferente da dos Tupi, mas possuem, também, mitos, crenças e organização social próprias. Os povos Jê manifestam sua cultura de forma mais explícita e visível. Os numerosos ritos e festas a serem realizadas e respeitadas, aparecem com mais clareza que os povos Tupi. Na cultura Jê, com efeito, é preciso prestar atenção às oposições e antagonismos, tais como: centro/periferia, alto/baixo, leste/oeste e outras mais, para poder entender minimamente o sentido dos vários ritos que aí se realizam. A própria estrutura física de uma aldeia Jê, reproduz fielmente uma determinada cosmogonia, uma concepção específica de universo. Todas as aldeias Jê estão dispostas em forma perfeitamente circular, como se fosse um grande sol e inúmeros raios que ligam as casas com o centro, o pátio central. O pátio, por exemplo, é o lugar das reuniões dos homens, ao nascer e ao pôr do sol. Todos os membros de uma aldeia Jê estão rigorosamente divididos e subdivididos em “metades” de forma bem clara, alicerçados em regras e normas bem definidas que regulam as relações sociais entre eles.
Os povos do tronco lingüístico-cultural Macro Jê presentes no Maranhão são: Krikati, Pukobyê (Gavião) Rankokamekrá e Apaniekrá (Canela), Krepum Kateyê (Timbira) e algumas famílias Timbira (Krenyê) na área indígena Alto Tuiriaçu.
Os povos do tronco lingüístico-cultural Macro Jê presentes no Maranhão são: Krikati, Pukobyê (Gavião) Rankokamekrá e Apaniekrá (Canela), Krepum Kateyê (Timbira) e algumas famílias Timbira (Krenyê) na área indígena Alto Tuiriaçu.
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